quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Paradoxos do mundo moderno


Recentemente, lendo um texto ( brilhante) de Eric Hobsbawn sobre a relação entre o socialismo e as religiões, pude perceber, que de certa forma a religião não atrapalha em nada o avanço de políticas da esquerda ( faço aqui uma ressalva, tais políticas de esquerda em questão, logicamente não são mais aquelas da cartilha típica do socialismo) estás políticas beiram uma nova realidade experimentada pelo homem, seja em qualquer região do mundo que ele estiver.
Para percebemos tal fato, basta pensarmos em movimentos como a pastoral da terra no Brasil , entidade religiosa intimamente ligada aos princípios marxistas ( ou marxisnianos). Enfim a secularização da sociedade ocidental moderna, limitou drasticamente o poder das religiões, mais por outro lado, a apropriação de certos "métodos rotualísticos" oriundos dos modelos religiosos pela esquerda facilitou bem o entendimento e consequentemente o fortalecimento da esquerda, uma vez que os indivíduos que majoritariamente compõem estes movimentos são de classes desprovidas de capital, seja ele econômico ou cultural ( citando Bordie). Por exemplo, quando a igreja proibiu o enterro de "não-batizados" e "ateus", a sociedade civil, se viu obrigada a "construir" novos ritos funerários que não tocassem nos domínios divinos, dessa forma, movimentos da esquerda ao relembrarem personalidades impares de sua história ( mártires ) sem o apelo religioso, conseguiram, primeiramente criar um movimento de memória e tradição sobre suas lutas e, conseguiram também, tornar o "cotidiano" do grupo mais parecido com aquele com que seus integrantes estão acostumados.
Feito está primeira inferência, devo agora seguir para outro assunto, as sociedades democráticas e anti-esquerda do ocidente, sempre ( a partir do século XIX) deram aos seus cidadões a liberdade de culto, porém recentemente no Estados Unidos, a construção de uma Mesqueita perto do "Ground zero" está sendo amplamente criticada e atacada pela a já tão conhecida direita americana ( será que existe uma esquerda por lá ? ). A primeira vista, claro que todos tomamos um choque, afinal de contas construir ao lado do local do maior atentado terrorista do ocidente ( até porque o título de maior atentado terrorrista do mundo pode ficar para o ataque nuclear realizado pelo Irâ, não, pelo Estados Unidos da América ao Japão) uma "sede" do mal. Mais pensemos bem, se seguirmos está lógica, o que fazer com as igrejas católicas situadas onde antes haviam populações que de forma brutalmente foram extermindas em nome do progresso e da civilização?
A liberdade de culto é um direito, seja em qualquer lugar, se os norte americanos se sentem incomodados com uma mesquita perto do destroços do WTC, garanto que os iraquianos, afegões e indo um pouco para o passado os vietnamitas, se sentiram e sente-se muito, mais muito incomodados com a presença do braço armado da religião capitalista dentro de suas fronteiras.


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